Grob São Bernardo do Campo

A empresa reforça sua estratégia para atender às novas demandas da indústria

*Por Vera Natale, editora revista O Mundo da Usinagem | Fotos: Divulgação GROB

 

A quarta edição do Workshop de Usinagem 5 eixos da GROB, realizada recentemente nas instalações da empresa em São Bernardo do Campo, mostrou uma vez mais a relevância dos eventos presenciais para disseminar conhecimento, promover encontros e troca de experiências e quem sabe o início de futuros negócios. Reuniu cerca de 500 participantes e 24 expositores, entre eles empresas de lubrificação e refrigeração, sistemas de fixação, softwares e treinamento, medição, automação industrial e ferramentas de corte como a Sandvik Coromant, e apresentou ao público várias palestras técnicas, além de um tour guiado à sua fábrica de produção e montagem de máquinas-ferramentas, terminando com uma demonstração prática no CAT (Centro de Aplicação Tecnológica).

Christian Müller

Christian Müller, presidente de vendas da GROB, para região das Américas, deu as boas-vindas aos participantes do evento, apresentando, na sequência, um panorama sobre a companhia

Christian Müller, presidente de vendas da região das Américas, abriu o evento dando um panorama sobre a companhia, que possui cinco plantas, doze subsidiárias e cerca de 6.600 funcionários ao redor do mundo. Na ocasião, ele mencionou que a multinacional alemã obteve 50% de aumento de faturamento nos últimos dois anos, fechando o ano fiscal de 2017-18 com um faturamento de 1,54 bilhões de Euros. A região das Américas corresponde à cerca de 30% desse faturamento, só ficando atrás da Ásia que representa quase 40%.

A maior parte dos dividendos vem da indústria automotiva, porém, outros mercados como o aeroespacial também têm se tornado expressivo para ao grupo. Comentaram ter 90% de presença nos fornecedores de pequeno e médio porte da Embraer com suas máquinas de alta tecnologia e alta flexibilidade para perfis complexos.

Isso é reflexo da prática de estarem sempre atentos às oportunidades que o mercado sinaliza ou demanda. A mais recente aquisição no Brasil foi a de um espaço vizinho da planta atual, uma fábrica inativa e desocupada, de cerca de 22.000 m2. O galpão anexo será destinado à linha de produção e logística e as atuais instalações serão plenamente ocupadas pelas linhas de usinagem e montagem que, ao todo, vão requerer mais espaço.

Nos EUA, irão lançar, em breve, o E-mobility Lab e na Europa, em Turim/Itália, irão inaugurar uma nova planta que provém da aquisição da DMG Meccanica, líder no mercado de máquinas e instalações para a produção de estatores e rotores para motores elétricos e geradores.

Christian Müller afirma que o que para muitos é considerado risco, para eles é uma oportunidade – ou seja diversificar a oferta de produtos contempla diversificar também a estratégia de atuação no mercado. “A GROB se adiantou e se preparou a tempo para fazer parte dessa transformação do status tecnológico. Ao mesmo tempo em que nos encontramos posicionados para o futuro, continuamos a desempenhar nosso papel global como parceira da indústria automotiva. Isso nos permite oferecer soluções completas com conceitos inovadores aos nossos clientes, trazendo sempre o que há de melhor em máquinas e sistemas para o desenvolvimento do mercado internacional e seus diferentes segmentos e aplicações”, declara.

 

Uma reflexão produtiva

Rüdiger Leutz

Rüdiger Leutz, diretor geral da Porsche Consulting, apresentou os desafios da digitalização na indústria com base na história da Porsche

A palestra de abertura do evento foi de Rüdiger Leutz, diretor geral da Porsche Consulting que abordou sobre porque se preocupar com a digitalização na indústria apresentando o caso de sucesso da própria Porsche. Como saíram de uma situação totalmente adversa nos anos 90, com um prejuízo de 120 milhões de Euros, para a chamada produção 4.0, com planos de lançar o primeiro carro totalmente elétrico da marca em 2019.

O ponto central para o consultor não é a adoção a qualquer custo de tecnologias como Big Data, IoT, Inteligência artificial e Cloud que certamente podem impactar positivamente o modus operandi de um negócio e agregar valor a todos da cadeia. Antes, porém, é preciso revisitar o processo como um todo, fazer um raio X para adequar qual tecnologia irá melhor atender às minhas necessidades e tornar meu processo mais produtivo.

A transformação digital se funda nas novas tecnologias, sobretudo as disruptivas, e como se comunicam entre si – a conectividade. Isso não se discute. Mas para estar inserido nessa onda e ser produtivo eu preciso primeiro mudar minha mentalidade e muitas vezes até o modelo de negócio, minha estratégia inteira, que foi justamente o que a Porsche fez e que a GROB também está fazendo para construir mais know-how e liderar cada vez mais as soluções de máquinas operatrizes que possam atender em plenitude às atuais demandas da indústria.

No evento, a GROB fez demonstrações do novo módulo GROB-NET4Industry, recém-lançado, que permite a integração digital do processo produtivo do cliente, tornando-o ainda mais eficiente. O sistema combina módulos para aumentar a produtividade e oferecer um pacote eficaz ao cliente, do planejamento à manutenção. Está totalmente alinhado ao conceito de conectividade da indústria 4.0.

 

Novos horizontes

Michel Bauer

Michel Bauer, presidente da GROB no Brasil, acredita que a tecnologia da mobilidade elétrica é uma necessidade, não uma opção

Michel Bauer, presidente da empresa no Brasil, comentou que todas as aquisições, planos de investimento e desenvolvimentos têm o principal foco de fazer com que a companhia esteja em sintonia com a tendência de digitalização da indústria. Com um market share expressivo no setor automobilístico, a multinacional alemã não pode fazer vista grossa para a necessidade de produção de motores mais eficientes, sejam elétricos ou de combustão, para diminuir a emissão de poluentes, por exemplo, e rever os processos e estratégias é um ponto fulcral.

Para o executivo, é essencial entender todo o sistema elétrico dos veículos para poder oferecer um processo seguro e apropriado para a produção de grandes volumes, garantindo ainda as questões de sustentabilidade. “A tecnologia da ‘Mobilidade elétrica’, ou do carro elétrico, requer um desenvolvimento completamente novo, ou seja, com máquinas dedicadas à confecção de motores elétricos. Para a GROB, essa nova tecnologia não é uma opção e sim uma necessidade para a nossa empresa se manter na vanguarda da tecnologia e sustentabilidade”, corrobora.

Para aumentar a eficiência de motores de combustão, desenvolveram também uma tecnologia chamada Thermal spraying system G500TS. Um processo geral de pulverização térmica interna de cárters (crankcase) capaz de reduzir o peso de motores de combustão e o consumo de combustível e aumentar a resistência do motor contra a corrosão por parte de certos combustíveis.

Já possuem uma linha inteira de produtos voltados à produção de estatores para montagem de motores e rotores elétricos e montagem de baterias e células de combustível (fuel cell). Porém, o maior desafio ainda é descobrir qual tendência da mobilidade vai emplacar mais e em qual mercado – Plug-in, híbridos, Fuel Cell?

 

Estratégia antenada

Todos esses desenvolvimentos e aquisições têm como base um estudo cuidadoso e minucioso sobre as atuais tendências da indústria, mas não apenas isso. A sólida organização aprendeu ao longo de seus 90 anos de existência a driblar os inúmeros altos e baixos do mercado metalmecânico com muita determinação e coragem para se reinventar e talvez o principal – adotar uma prática de cooperação entre suas plantas e subsidiárias, visando sempre o melhor resultado final. Isso fortalece e garante ao usuário a possibilidade de experimentar soluções de engenharia comprovadamente eficazes e bem estruturadas.

O evento é mais uma vitrine que espelha toda a estratégia de atuação da companhia.

 

 

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