SENAI entra na Era 4.0 com unidade totalmente voltada para a indústria inteligente
*Por Inês Pereira | Fotos: Divulgação
A participação marcante do SENAI no Demonstrador da Manufatura Avançada durante a Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Automação Industrial (Expomafe 2017) já mostra a que veio a escola mais tradicional do país na formação de jovens técnicos. Para quem não teve a oportunidade de ver, uma célula completa e flexível, baseada em módulos autônomos e totalmente conectada, encantou os visitantes e, sobretudo, mostrou que a indústria do futuro é acessível, mesmo às empresas de menor porte.
Em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o SENAI mobilizou 13 escolas e um time de quase 70 profissionais que participaram em pelo menos alguma das fases de realização. A fábrica inteligente representou o botão start para a criação da Escola SENAI Armando de Arruda Pereira, em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. “Esta é a nossa escola 4.0”, sintetiza o gerente de Inovação e Tecnologia do SENAI-SP, Osvaldo Maia.
A concepção do projeto fala por si. A começar pela planta, totalmente planejada dentro do conceito open lab, que possibilita às empresas a chance de testar seus produtos, softwares, protocolos etc., dentro de uma escola do SENAI, com toda a sua estrutura física e intelectual. E, aos alunos, dá a chance de aprender e vivenciar na prática o universo da manufatura avançada. “Partimos do princípio de que o SENAI também é inovação e tecnologia. O projeto do Demonstrador veio ao encontro do nosso plano estratégico de promover tecnologias disruptivas aqui no Brasil”, conta.
O grande desafio proposto pela Abimaq, na visão de Maia, continuará daqui em diante: “Agora, é preciso romper barreiras tecnológicas. Precisamos conhecer algumas competências que, até então, não dominávamos. Para a realização do Demonstrador, os professores tiveram de estudar mais, os alunos estudaram mais também. Isso é novo no mundo. Não existe lugar do planeta em que a indústria 4.0 já esteja 100% desenvolvida, nem mesmo na Alemanha, que saiu na frente”, afirma.
Construída de modo colaborativo, em parceria com a Abimaq, 20 empresas, seis startups e dois institutos de ensino, a Escola SENAI Armando de Arruda Pereira recebeu um aporte de R$ 63,2 milhões. O resultado desse investimento pode ser conferido no novo prédio — são 36 laboratórios, nove salas de aulas e duas oficinas de práticas profissionais. Também há biblioteca com acervo técnico atualizado, quadra poliesportiva e auditório para 150 pessoas. O projeto arquitetônico, planejado nos moldes da indústria do futuro, recebeu seis prêmios, entre eles, o Prêmio “Os Melhores das Artes em 2016”, obra vencedora na categoria arquitetura, da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
A menina dos olhos da escola é o UpLab, um espaço único no Brasil concebido para o desenvolvimento de projetos e criação de startups, respondendo à demanda mundial que dita as regras da competitividade. “A Indústria 4.0 lança mudanças significativas na forma de pensar das empresas, na busca por conhecimentos e estratégias de produção e vendas. Cada vez mais, as empresas precisam estar preparadas para conviver com tecnologias como inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, impressão 3D e biotecnologia. E o SENAI-SP tem papel importante em sua implantação no país”, afirmou Paulo
Skaf, presidente do SENAI/SESI/ FIESP, na inauguração da escola.
Conhecimento compartilhado
A missão da Escola SENAI Armando de Arruda Pereira é ser uma espécie de ponto neutro em que concorrentes podem trabalhar juntos, e para todas as empresas que apenas querem entender o que é esse movimento da era 4.0, e como podem se adequar. E a forma de colocar em prática essa cultura do conhecimento compartilhado, que é um dos pilares da indústria do futuro é presença permanente e em pleno funcionamento do Demonstrador de Manufatura Avançada na unidade. Equipado com robôs, célula de soldagem, sensores, gravadores a laser e centros de usinagens com 3 e 5 eixos, o conjunto pode ser visto e todo o conhecimento e tecnologia ali contidos, estudados pelos alunos e pelas empresas.
O gerente de Inovação e Tecnologia do SENAI-SP, Osvaldo Maia, questiona: “Como você vai ter uma indústria preparada para essa realidade se não há capital humano preparado para isso?”. O SENAI entra aí. A ideia de ter soluções tecnológicas em si, segundo Maia, não faz muita diferença. O diferente é preparar o jovem brasileiro para essa realidade. “Queremos motivar o jovem que está interessado em fazer a diferença para o país. Isso é mais que um projeto tecnológico: é um projeto de visão para o futuro”.
O SENAI já fornece soluções tecnológicas para a indústria. As escolas têm núcleos tecnológicos que fazem venda de prestação de serviços. “Agora, com o open lab, essa área vai crescer. E o nosso papel é ajudar a indústria brasileira a vencer os seus primeiros metros na corrida da indústria 4.0”, completa.