10.07.2018
Pelo acordo, a Boeing ficará com 80% da área de aviação comercial da Embraer.
A Boeing e a Embraer anunciaram na semana passada a assinatura de Memorando de Entendimento “para estabelecer uma parceria estratégica” na área de aviação comercial. Pelo acordo, será criada uma joint venture contemplando os negócios e serviços de aviação comercial da Embraer, na qual a Boeing deterá 80% da propriedade da joint venture e a Embraer, os 20% restantes.
Um dos principais motivos do interesse da Boeing pela área de jatos comerciais da Embraer está no fato de sua principal concorrente, a Airbus, ter adquirido a canadense Bombardier no final do ano passado.
As negociações entre as empresas são de conhecimento público desde o início do ano. A princípio, dizia-se haver resistência do governo federal, que possui ações da empresa com direito a veto (golden share). As resistências governamentais parecem ter sido vencidas. Agora, quem demonstra desaprovar a negociação é o mercado: as ações da Embraer caíram 14% em seguida ao anúncio.
O comunicado de imprensa divulgado pelas empresas é muito cauteloso e em nenhum momento trata das negociações como sendo de compra ou aquisição: “A transação avalia 100 por cento das operações e serviços de aviação comercial da Embraer em 4,75 bilhões de dólares e contempla o pagamento por parte da Boeing do valor de 3,8 bilhões de dólares pelos 80 por cento de propriedade na joint venture. A expectativa é que a parceria proposta seja contabilizada nos resultados da Boeing por ação, no início de 2020, e gere sinergia anual de custos estimada de cerca de 150 milhões de dólares – antes de impostos – até o terceiro ano”.
“Ao formarmos essa parceria estratégica, estaremos muito bem preparados para gerar valor significativo para os clientes, empregados e acionistas de ambas as empresas – e para o Brasil e os Estados Unidos”, disse Dennis Muilenburg, presidente, chairman e CEO da Boeing. “Esta importante parceria está claramente alinhada à estratégia de longo prazo da Boeing de investir em crescimento orgânico e retorno de valor aos acionistas, complementada por acordos estratégicos que aprimoram e aceleram nossos planos de crescimento”, disse Muilenburg.
“Esse acordo com a Boeing criará a mais importante parceria estratégica da indústria aeroespacial, fortalecendo ambas as empresas e sua posição de liderança do mercado mundial”, disse Paulo Cesar de Souza e Silva, presidente e CEO da Embraer. “A combinação de negócios com a Boeing deverá gerar um novo ciclo virtuoso para a indústria aeroespacial brasileira, com maior potencial de vendas, aumento de produção, geração de emprego e renda, investimentos e exportações, agregando maior valor para clientes, acionistas e empregados”.
“Uma vez consumada a transação, a joint venture na aviação comercial será liderada por uma equipe de executivos sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO. A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente a Muilenburg”, informa o comunicado, acrescentando que “a joint venture se tornará um dos centros de excelência da Boeing para o desenvolvimento de projetos, a fabricação e manutenção de aeronaves comerciais de passageiros e será totalmente integrada à cadeia geral de produção e fornecimento da Boeing”.
Além disso, as empresas também irão criar outra joint venture para promoção e desenvolvimento de novos mercados e aplicações para produtos e serviços de defesa, em especial o avião multimissão KC-390, a partir de oportunidades identificadas em conjunto.
“Os investimentos conjuntos na comercialização global do KC-390, assim como uma série de acordos específicos nas áreas de engenharia, pesquisa e desenvolvimento e cadeia de suprimentos, ampliarão os benefícios mútuos e aumentarão ainda mais a competitividade da Boeing e da Embraer”, disse Nelson Salgado, vice-presidente executivo Financeiro e de Relações com Investidores da Embraer.
Nota: Notícia republicada do portal Usinagem Brasil